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terça-feira, 24 de maio de 2011

Inevitável...


Em meio à sala escura e silenciosa, ela podia sentir sua presença. Ele irradiava o calor que parecia esquentar todo o ambiente. Apesar de não vê-lo, sabia que ele sorria suavemente ao som de seus passos. Ele também sabia que ela estava ali. Não havia mais como voltar atrás. Eles haviam chegado ao fim da linha.
Cauteloso, ele levantou-se da cadeira para enxergar melhor a figura a sua frente. Podia sentir o doce perfume que ela exalava adentrar em suas narinas. Deu um passo a frente e ela recuou.
— Tudo bem com você? — sua voz, indescritivelmente aconchegante, fez com que ela cambaleasse.
Ela sentiria falta daquela voz sussurrando em seu ouvido para ninguém mais ouvir, sentiria falta de suas risadas, de seu toque despreocupado quando ia pedir algo emprestado, até mesmo do seu cheiro. Mas não podia se iludir mais uma vez. Isso tudo era consequência de uma brincadeira insana de adolescentes rebeldes, não significava nada para ele. Disso ela tinha certeza.
— Se eu dissesse que sim, estaria mentindo. — disse friamente e mesmo na penumbra, ela pode ver sua expressão se fechar.
— E qual o motivo da infelicidade dessa moça tão linda?
Chegara a hora de revelar todos os segredos. Ele era seu amigo. Ele iria entendê-la com certeza. Se tudo desse certo, ainda poderiam continuar a amizade. Fingir que nada tinha acontecido. Que essa conversa jamais existiu. Apesar de saber que era o melhor a ser feito, ela ainda hesitou. Mas ao senti-lo segurar sua mão com força, incitando-a a prosseguir, ela respirou fundo, e sem mais pensar, com os olhos marejados, disse:
— Eu amo você.
E sem mais nenhuma palavra, ela caiu no choro.
Ele continuava ali, parado, segurando sua mão com força.
Quando ela percebeu que ele não falaria nada, decidiu continuar. Ele precisava de uma explicação. Ao menos isso.
— Sei que é idiotice minha — começou entre soluços — sei que somos amigos, apenas bons amigos. Mas não pude evitar. Sei que tudo que você dizia era brincadeira, mas alguma parte de mim queria acreditar que era verdade! Eu precisava te falar, não agüentava mais esconder. Se você não quiser mais falar comigo, tudo bem, vou entender. Mas eu precisava te dizer, e você precisava saber. E eu sei que vai ser difícil esquecer o que sinto por você, porque no fundo, eu não quero esquecer. Mas se for preciso, eu farei. Só não posso perder sua amizade!
Então, tudo que escondera depois de tanto tempo de amizade veio à tona. As lágrimas rolavam em cascatas por sua face. Agora, só o que restava era aguardar a reação. Mas porque ele estava demorando tanto? Porque não respondia logo? Porque continuava parado ali olhando? E Porque ele estava sorrindo?
— Sabe, você tem que saber que toda brincadeira tem um fundo de verdade. — Estática, ela apenas observava seu sorriso se abrindo cada vez mais.
— O que... — ela tentou falar, mas ele foi mais rápido, em uma fração de segundos, seu dedo indicador repousava sobre seus lábios.
— Você é muito importante pra mim, sua amizade também. — as lagrimas cessaram, ela já esperava por aquilo, mas apesar de tudo, a dor em seu peito era absurda. — Mas... tudo que eu dizia pra você, acreditando ser brincadeira, era verdade. Demorei um tempo para perceber isso, e também fiquei com medo de estragar nossa amizade, preferi esconder. Mas quero que saiba que... Eu também te amo!
Ela o observava, boquiaberta.
E sem dizer mais nada, ele a puxou para um abraço bem apertado. Ela queria poder ficar ali para sempre, sentindo sua presença, o seu cheiro. Palavras já eram desnecessárias. Ele estava ali, com ela.
Isso bastava.

Texto de Larissa Sobral, para Ingrid Lilianne.

2 comentários:

  1. texto lindo, perfeito *-*
    obrigada pela dedicatória, sério ! : ) te amo amiiga <3

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  2. que lindo amiga, muito lindo mesmo!

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